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Nicole Blaut - parte 3


Dizem que a vida adulta inicia-se junto com a faculdade. Não concordo muito com essa tese. Depois de me arrumar e por meu vestido favorito o que eu vejo no espelho é uma menina indefesa e frágil, que anda longe de ser adulta. Imaginar que estou tão longe da casa dos meus pais me dá um arrepio na espinha. Eles deixaram claro que eu poderia voltar se quisesse, caso eu não me adaptasse na nova cidade ou com o curso, mas eu sabia que isso não iria acontecer porque pela primeira vez eu estava escrevendo a minha própria história de acordo com meus atos e se tivesse consequências eu estava pronta pra enfrentá-las. 

Nicole Blaut - parte 2




Balé sempre foi a solução para todos os meus problemas, quando nada dava certo eu dançava, rodopiava, girava na ponta do pé, e a cada giro eu encontrava uma saída. Era como se eu estivesse expulsando toda a tensão do meu corpo com um simples movimento. Por isso eu considerava minhas sapatilhas um amuleto.

A viagem para o Piauí foi tranquila, eu dormi na maior parte do tempo. Saindo do aeroporto inspirei um novo ar, senti o ar de mudança.

Nicole Blaut - parte 1


Ultimamente minha vida está um caos. Término do ensino médio, a inaceitável Festa de Despedida dos meus amigos de escola, ou melhor, meus irmãos de escola. Sim, irmãos, pois era exatamente isso que nós éramos: uma família. Mas infelizmente cada um teve que seguir um caminho diferente e eu ainda não superei essa "separação". Eu também tive que escolher um caminho pra seguir, e escolhi o curso de Letras, na Universidade Estadual do Piauí. Eu estava feliz com minha decisão, mas um pouco atordoada com a rapidez que tudo aconteceu, sem falar que eu não estava preparada pra deixar a casa dos meus pais e ir embora para outro estado sem previsão pra voltar. Pensar em todos esses acontecimentos de uma só vez me deixa um pouco tonta. 

O dia em que eu cresci.


Ela era uma garota amargurada. Passava horas na frente do espelho tentando encontrar alguma parte do seu corpo que fosse admirável, falhando em todas as tentativas. Mas ela era diferente das outras, e isso era incontestável. Acabara de completar dezoito anos, porém nada mudara... até então.

Naquele momento estava ela, papel e caneta e seu coração explodindo em palavras que precisavam ser ditas, mas ela preferia escrever. Afinal, aquele pedaço de papel surrado a ouviria melhor que qualquer outra pessoa, ou coisa. Batia as unhas na mesa em um sinal de inquietação. Escrevia trechos distintos, um não tinha nenhuma ligação com os outros, mas mesmo assim diziam exatamente tudo o que ela sentia.

Arrume suas coisas e vai.



Você quer ir, tudo bem, eu não falo nada, não faço nada. Arrume suas coisas e vai. Não, sem essa de grandes discursos descorados na frente do espelho. Não quero saber quando foi que tudo mudou pra você, quando foi que acabou. Chega. Arrume suas coisas e vai.

Não precisa agir como se estivesse preocupado comigo. A gente sabe que não é verdade. Pare de fazer cena, não precisamos disso. Relaxe. Eu não vou fazer greve de fome, eu não vou tentar me matar. Pode ficar tranquilo; arrume suas coisas e vai.

O mal do costume.


Era fim de tarde de uma sexta-feira, tudo fluía normalmente. Já havia acabado meu expediente e eu seguiria pra casa como de costume. Entrei no carro, peguei o caminho mais longo até em casa, eu tinha tempo. A voz de Maria Gadú inundava todo o interior do veículo enquanto eu deslizava pelas avenidas da grande São Paulo. Durante todo percurso eu não pensei em nada, alguma coisa invisível fez minha mente permanecer vazia, por incrível que pareça.

Já havia anoitecido quando cheguei em casa, só depois de descer do carro eu notei que seria uma noite muito fria. Demorei pra encontrar as chaves dentro da bolsa, e quando finalmente encontrei notei que algo estava estranho, eu não era pra estar ali. Me dei conta da besteira que eu estava fazendo...

Doce insanidade.



Então fechei meus olhos e minha mente ganhou vida. Caí num abismo de pensamentos, apesar de saber que não adiantaria de nada, ele não sabia ler pensamentos ou decifrar minhas emoções quando eu, sem querer, deixava transparecê-las. Acostumei-me com a ideia de que provavelmente nada mudaria, afinal, pensamentos são apenas pensamentos.


A garota do coração de gelo.


Podem me chamar de tola, idiota até, mas a verdade é que eu sempre me importei com a opinião das pessoas em relação a mim. Eu achava que a impressão que eu passava sempre era a pior, que eu era o principal motivo das gargalhadas das pessoas. Tinha momento que não havia como negar, os olhares que a mim era direcionados sempre me deixavam envergonhada, eu chegava a corar, e então se ouvia uma explosão de risos altos, mas eu olhava para trás e não havia nada de anormal, ninguém estava rindo.

Aquilo já havia saído do meu controle, não era mais real, era doença. O que sempre me incomodou foram os olhares tortos e maldosos e os cochichos, eu não fazia ideia do por quê eu era o alvo de tudo aquilo. 
Minha personalidade foi formada assim, uma garota anti-social, que se preocupava em saber como era sua imagem diante da sociedade. Sem amigos, apenas acompanhada por um bom livro, afinal, minha avó costumava dizer que nunca se estava sozinha quem estava acompanhada por um bom livro.

Pretérito imperfeito.


Eu vivia, eu amava, eu sentia. Mas passou e, de você, só restaram lembranças. Essa sou eu, ou seria eu, não sei bem. Sou eu, sozinha em um quarto vazio, sozinha em um quarto cheio de mim, cheio de nós. Luto diariamente para evitar a lembrança de uma época feliz, e que hoje não me faz tão bem assim lembrar. Apesar de sorrir sempre que vejo fotos, cartas, presentes ou qualquer coisa que me lembre você, no final eu volto a chorar, cada vez mais desiludida.

Entro em uma busca incansável por alguma distração, qualquer coisa que faça eu tirá-lo da minha cabeça nem que seja por um minuto. Evito olhar para o relógio, minto pra mim mesma que o tempo está voando, quando tenho consciência que não se passaram nem cinco minutos. E ele não voltou. Ele não voltará. 

A direção do vento.



Eu li em algum lugar que só era feliz quem se deixava guiar pela direção do vento. No momento eu achei a frase um pouco incoerente, mas depois de um certo tempo eu permiti que o vento me guiasse, me levasse pra onde ele quisesse e só aí entendi o verdadeiro significado daquelas palavras. 

Notei que a vida era curta demais pra sentar e admirar o tempo passando. O vento só sopra a favor daqueles que merecem, daqueles que se permitem viver. E eu decidi que o melhor a fazer era viver, não deixar a vida passar pelos seus olhos e simplesmente não fazer nada pra impedir, como correr atrás dos seus sonhos ou algo assim.

Cores e promessas.


Na noite de ano novo conheci um garoto e por ele me apaixonei. Imaginei que fosse apenas mais uma de minhas muitas paixonites, mas o destino quis que não fosse...

Eu nunca acreditei muito nessa coisa de destino, achava a maior bobagem. Mas foi exatamente o destino que me fez mudar de opinião. Conheci um garoto por acaso. Eu estava na casa de parentes, e ele era amigo dos meus primos. Nós conversamos, nos demos muito bem. Admiti pra mim mesma que eu havia me apaixonado de novo

A felicidade e o acaso.


O sol de maio entrava pela janela do meu quarto fazendo-me despertar lenta e preguiçosamente. Peguei meu celular para checar a hora, mas o que eu vi de verdade foi a data. Um ano já havia se passado desde a última vez que eu o vi como meu namorado. Foi difícil, mas eu estava superando aos poucos. Não vou dizer que já não sinto mais nada por ele, eu estaria mentindo. O que eu vivi com ele foi muito intenso, e creio que só esquecerei completamente quando encontrar um novo amor. Fiquei deitada pensando nele e percebi que eu não lembrava dele fazia algum tempo. Isso já é um progresso.

Eu no plural.



Sempre acreditei que as pessoas namorassem e casassem para ser feliz. Mas eu aprendi com sábios livros, filmes, músicas, entre outras coisas que amar é pensar primeiro na felicidade da outra pessoa, mesmo que isso custe a sua própria alegria. Só quando você faz seu amor feliz ele terá capacidade para retribuir, e assim te deixar feliz.

Depois de muitos relacionamentos com desfechos nada agradáveis, eu finalmente me permiti aprender que um relacionamento é a entrega total de dois seres que estão dispostos a honrar e respeitar, aceitar que nós todos somos diferentes, e o grande desafio é aprender a amar uma pessoa preenchida de defeitos e imperfeições. Não há um amor sadio quando existe egoísmo.

Fica comigo então.



Eu estou indo embora. Precipitadamente, mas eu vou! Na verdade eu não quero ir. Quero que você peça pra eu ficar. Quero que você segure meu braço e não permita que eu vá para longe de você. Quero ouvir sua voz, rouca e suave ao mesmo tempo, sussurrando em meu ouvido aquelas provocações.

Quero sentir a importância que eu tenho na sua vida. Quero poder me libertar do pensamento que eu não faço mais diferença, que mesmo eu não estando mais ao seu lado, tudo permaneceria na mais perfeita ordem. Quero saber que você sofreria sem mim. Quero amar você. Quero você.

Um mal benigno.



"Não há males que não venham para o bem." . Li aquela frase no jornal e ela havia se tornado o meu lema a partir dali. Faziam dois anos que eu estava tentando engravidar, mas além de eu ter alterações na tireoide, eu tinha miomas no útero, o que diminuía consideravelmente as chances de eu ser mãe. Me sentia um ser incapaz. Deus havia me colocado no mundo com uma única função: gerar outro ser, mas eu não podia fazer Sua vontade. 

Eu não iria desistir de ser mãe. Se houvesse um porcento de chance, eu teria noventa e nove porcento de esperança. Meu marido propusera que nós adotássemos uma criança. Sim, eu queria adotar, mas eu também queria gerar um ser. Queria viver a sensação de ter dois corações batendo em um corpo só, se assim fosse a vontade de Deus.


Não é um adeus.


Sem olhar para trás, entrei no avião. A aeromoça orientava, elegante e educadamente os passageiros, para que sentassem em seus devidos lugares. Não foi difícil encontrar o lugar que me era destinado. Um desconforto me atingiu sem explicação. Pela janela do avião eu via, pela última vez, a cidade onde eu nasci e cresci. Fiquei imóvel, apenas permitindo que uma onda de nostalgia percorresse meu corpo. Senti que estava deixando um pedaço meu ali, naquele aeroporto.

Até que a morte os separe...



Nos conhecemos no casamento de um amigo meu. Eu era o padrinho do noivo e ela era a madrinha da noiva. Gostei dela logo de cara. Tínhamos muito em comum. Marcamos um encontro no cinema, descobri que ela gostava de filme nacional e, por sorte, na época o filme Lisbela e o Prisioneiro estava em cartaz.

Confesso que não estava querendo embarcar em mais um romance. Eu havia me magoado o suficiente para que meu coração criasse um escudo inquebrável em relação ao amor. Eu só queria uma amiga, e até então era isso que existia entre nós: amizade. Mas, milagrosamente, ela destruiu o escudo que existia em mim e não haveria mais como não se apaixonar.

Eu e o Sol.


Meu nome é Gabriela e essa é minha história de amor com o Sol...

Eu sempre fui apaixonada por calor apesar de morar em cidade serrana, onde predominava o clima frio. Esse amor pela maior estrela do universo começou quando eu ainda era pequenininha. Minha mãe costumava dizer que o Sol era a casa de Deus, então eu ficava orgulhosa e dizia para todos os amiguinhos: "Eu ainda vou morar no Sol".

Criei uma teoria. A Teoria do Sol. Ela defendia que quem amava aquela estrela se curava de todos os males, principalmente o mal da infelicidade. Mas só quem conhecia essa teoria era eu, o que não mudava nada, pra ser sincera. Eu tinha o Sol como meu porto seguro.

Descobri por acaso que eu tinha a paisagem de um cartão postal pertinho de mim. Fiquei de pé na janela do meu quarto e subi no telhado da minha casa. O Sol estava se pondo preguiçosamente, e tons de laranja mesclado com rosa davam cor ao céu. Raios ultrapassavam as muitas árvores que existiam ali. Não acreditava no que eu estava vendo, era o paraíso! Estava presenciando o pôr do Sol mais lindo que eu já vira.

Senti meus problemas evaporando, e meu corpo foi preenchido por uma estranha energia. Foi mágico. Aquele telhado duro era confortável o suficiente pra mim. Senti o mundo em minhas mãos. Fui tomada por uma felicidade contagiante. Permaneci sozinha, lá em cima, até o céu escurecer, e os raios de sol não alcançarem mais meus olhos.

Desci do telhado e mal conseguia me conter. Esperava ansiosamente pelo pôr do Sol do dia seguinte. Queria sentir aquelas sensações pelo menos umas mil vezes. Normalmente, eu iria aproveitar o dia que estava pra nascer, mas eu queria apenas que ele passasse rapidamente, para que eu pudesse ser beneficiada com mais um pôr do Sol.

Gabriela Pinzan, é o que temos pra hoje!



Namore uma garota que lê!

 Tradução e adaptação – Gabriela Ventura
Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos. 
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas. 
Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro. Compre para ela outra xícara de café. Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice. 
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa. É que ela tem que arriscar, de alguma forma. Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. 
Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo. Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois. 
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo. Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo. 
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype. Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas. 
Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê. Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve. 


Nosso último dia.



Durante muito tempo vivi um amor. Me senti amada e amei, na mesma intensidade. Acreditei que aquilo fosse durar para sempre, já que meu coração transbordava de amor, e quando mais eu me doava, mais eu recebia em troca. Era um amor lindo de se ver, daquele que emocionava qualquer um, parecia amor de novela. Nós éramos muito amigos, mais do que namorado, posso dizer.

Nós nos dávamos bem, nos entendíamos e não havia motivo para desconfiança ou coisa do tipo. Mas com o tempo o relacionamento foi desgastando aos poucos, eu sentia o amor esfriar, assim como um café. Eu via as mudanças acontecendo sobre meus olhos, mas não tive coragem para interferir, ou não quis mudar o destino, coisa ou outra, não faz muita diferença.

Achava que era fase, queria creditar que era apenas uma fase ruim que nosso namoro estava passando, mas bem no fundo eu sabia que não era. Nós já não conversávamos mais como antes, ele já não era tão romântico. Com o tempo, o brilho que ele tinha nos olhos ao sorrir pra mim, sumiu! Eu via apenas um olhar opaco, sem muito amor, só um pouco de costume. Ele era acostumado a mim!

Dia desses entramos em uma discussão. Eu percebi que o amor que eu dava pra ele jé estava me fazendo falta. Eu havia o perdido. Isso era fato. Mesmo que ele estivesse ali comigo fisicamente, seu amor já não me pertencia. Sei que ele não amava outra pessoa (ainda), mas a mim ele não amava mais.

Argumentei isso com ele, mas ele não me respondeu, apenas me ignorou, como sempre. Tentei conversar, tentei mostrar pra ele que nosso relacionamento não estava bem e que nós precisávamos reverter isso, juntos. Mas ele permaneceu calado, como se não tivesse ninguém falando. Fiquei péssima. Eu já não significava mais nada pra ele?

Então desisti, me deitei ao lado dele e permaneci calada também. Estávamos tão próximos, mas tão distantes um do outro. Um turbilhão de emoções dentro de mim faziam eu refletir. Eu estava explodindo em palavras que necessitavam ser ditas, porém não o fiz. Decidi então continuar sozinha, apenas eu, um coração vazio e o trauma de um amor, ou um quase amor, não sei bem. Criei resistência a qualquer tipo de relacionamento, e não seria uma tarefa nada fácil tentar amolecer a pedra que meu coração havia virado.




Incompatibilidade e afins.


Melissa, chamada carinhosamente de Mel, era uma menina meiga e doce, assim como o apelido. Na escola ela era conhecida pelo seu estilo próprio: comprava suas roupas mas sempre as modelavam de acordo com seu gosto. Não havia uma só peça no seu guarda-roupa que não fosse customizada por ela. Esbanjava beleza e deixava os marmanjos em suspiros, apesar de nunca ter tido nenhum relacionamento sério antes. Já havia beijado alguns rapazes da escola, mas nenhum ganhou seu coração. Até então.

Ela se apaixonou pelo cara errado, isso foi lamentável. Conheceu o rapaz na sorveteria da esquina, sentiu-se atraída pelo sorriso aberto dele. Havia rolado uma química ali, não tinha como negar. Ela voltou a sorveteria durante toda a semana e isso fez com que ambos criassem um certo nível de intimidade, chegando ao ponto de Melissa convidá-lo pra ir a sua casa.

Caminharam juntos e se fez um silêncio constrangedor. Melissa buscava, mentalmente, uma maneira de quebrar aquele silêncio e dar início a uma conversa qualquer. Antes que ela pudesse se conter, as palavras saltaram da sua boca: "Qual o tipo de garota que te atrai?". Ele começou a explicar que gostava de meninas "normais", que fossem iguais as outras. Disse que detestava menina de short curto, pois achava vulgar. Por sorte, Mel estava usando um vestidinho leve e estampado, o que não deixou transparecer muito o tipo de garota que ela era, a qual era totalmente o oposto da que ele procurava.

Ela já estava envolvida demais pra "cair fora". Fingiu não se importar com o que ele disse, e apenas sorriu. Estava decidida a mudar seu estilo pelo garoto. Eles se encontraram durante toda a semana e em todos os dias Melissa aparecia com um modelo de roupa que não era muito sua cara. 

Por sorte, a mãe da garota percebeu a mudança e preocupada com a filha escreveu em uma folha do seu caderno: "Apaixone-se por alguém que mude seu sobrenome não seu guarda-roupa!". Não demorou muito para Melissa encontrar a folha, e mais uma vez, ser salva por um conselho de sua mãe. Refletiu por um longo momento, como se aquela frase tivesse sido escrita em outra língua. Por fim, tentou encontrar um porque para as tantas vezes que se auto reprimiu. E ficou sem se entender.

Logo voltou a ser a Mel de antes, estilosa, customizada, amada. Fez daquele rapazinho bonitinho um aprendizado e então memorizou para nunca mais esquecer que, na vida, você só deve ser você mesmo, aconteça o que acontecer. 





É tempo de mudanças.


Durante muito tempo me senti uma derrotada. Estava tudo dando errado na minha vida, o que chegou a abalar minha fé. Imaginei que Deus tivesse me abandonado, ou tivesse coisa melhor pra fazer do que ouvir minhas orações. Uma maré de azar bateu na minha porta e se instalou por aqui. Tive depressão. Durante muito tempo busquei uma saída para toda aquela situação, mas nada havia mudado, até então.

Eu decidi viver. Decidi acordar pra vida. Decidi mudar. Apostei todas as minhas fichas nessa mudança e ganhei! Levantei da cama e me olhei no espelho, eu estava com uma aparência horrível, mas nada que uma boa dose de amor próprio não resolvesse. Corri pro banheiro, enchi a banheira, coloquei meus melhores sais de banho, deitei e finalmente relaxei. O banho estava delicioso e me convidava pra ficar mais um pouco. A água que me banhava por fora era a mesma que lavava minha alma, retirava de mim todas as incertezas, todas as mágoas, todos os sentimentos ruins.

Por mais que quisesse passar mais um tempo me curtindo dentro da banheira, tive que sair para mostrar ao mundo que eu mudei, mudei por mim! Voltei ao quarto e vesti um vestido floral com uma barra de renda, era o meu favorito Em frente ao espelho, passei meu delineador e me senti a mulher mais poderosa do mundo, aquela que tinha o poder de fazer feliz a si mesma. Me amei no mesmo instante.

Vocês devem está se perguntando porque eu não havia mudado antes. Nesse meio tempo eu aprendi que momentos ruins são necessários para que os bons venham com mais intensidade, e que assim a gente aproveite mais. Eu aprendi que nos momentos de dificuldade nossa fé é testada.  Eu aprendi amor próprio é um remédio capaz de curar os piores males, incluindo tristeza. E você, ta esperando o que pra se amar?




Era apenas um sonho...



Era noite de lua cheia. Eu me vi perdida, vagando por ruas que não me recordo conhecer. Não sei como fui parar ali. De repente um celular toca, e eu me dou conta que ele esteve na minha mão o tempo todo. Ao atender, dou vida a uma voz familiar, que clama por socorro, diz adeus e desliga sem me deixar falar nada.

Continuo andando, mas dessa vez um pouco mais depressa, fugindo de alguma coisa, talvez. Uma senhora de cabelos negros chama por meu nome e sussurra em meu ouvido: "Seu namorado cometeu suicídio por sua culpa!". Me desespero. Meu namorado morreu! Pior que isso, ele se matou! Por quê ele fez isso comigo? Por quê partiu e me deixou aqui? Preciso encontrá-lo, preciso dizer que o amo, mesmo sabendo que ele não ouvirá mais.

Corri por muito tempo, não conseguia me situar, tampouco chegava à algum lugar. Cansei, recuperei o fôlego e corri novamente, dessa vez com mais velocidade. Onde eu estava? Por quê não havia ninguém ali? Notei que havia um outdoor com uma propaganda da Coca-Cola em uma esquina. Parei e olhei tentando lembrar de algo. Eu já tinha visto aquele outdoor antes. Eu estava andando em círculos.

Fui vencida pelo cansaço. Me encostei em uma parede e chorei. Chorei desejando entender o que estava acontecendo. A senhora de cabelos negros apareceu novamente com um sorrido enigmático no rosto. Meu nome parecia melodia, quando dito na voz dela. Chamou por mim três vezes, até, finalmente eu acordar soada, e perceber que tinha sido só um sonho. Ufa...


A culpa é das estrelas.



Miguel sempre fora da turma de valentões da escola, mesmo sendo um frouxo. Na verdade, ele se protegia nas costas dos seus amigos. Morria de medo de entrar em uma briga, e só provara a valentia em cima de crianças de oito anos. Mas o que seus amigos mais gostavam de fazer era de "tirar onda" com Maria Lua, a filha do professor voluntário de teatro da escola. Porém, quando o assunto era zoar a coitada, Miguel se calava.

Ela, por sua vez, se tornara o principal alvo sem motivo algum. Talvez por sua fé. Talvez por não ser líder de torcida e tampouco se interessar em ser. Ela era diferente das outras. Enquanto as cobiçadas patricinhas da escola tentavam decidir qual roupa usar, Maria Lua estava sentada em baixo de uma árvore com um exemplar de O Cortiço, de Aluísio Azevedo. Futilidade era a única coisa que a tirava do sério, mesmo que mentalmente. Amava ajudar o próximo. Não importava qual era a situação, ela sempre estaria com um sorriso no rosto que ganhava de todas as estrelas do céu. E ela amava estrelas, diga-se de passagem.

Miguel também. Mas os amigos jamais deixariam ele em paz se soubesse disso, então ele deixava pra observar as estrelas quando estava sozinho em casa. Talvez essa fosse a única coisa em comum entre os dois, mas já era alguma coisa. O que não estava nos planos de nenhum deles era a reviravolta que o destino daria na vida dos dois em pouco tempo.

Em uma noite de céu estrelado, Maria Lua admirava e mapeava cuidadosamente as estrelas, dando, carinhosamente, um nome para cada uma. Do outro lado da rua, Miguel fazia a mesma coisa. Ambos em sintonia, levantaram a cabeça e seus olhares se encontraram. Encararam-se por um tempo, milésimos de segundo, talvez, o que foi suficiente para que Miguel caminhasse ao encontro de Maria Lua.

Mas o destino tem dessas coisas. Miguel tomou Maria Lua nos braços e em uma atitude impensada beijou-a intensamente. E já era tarde demais para voltar atrás. Imaginou o que seus amigos iriam dizer, mas quer saber?!, ele já não se importava. Tem coisas na vida que só se resolve com o silêncio, e eles ficaram ali, abraçados, em silêncio, admirando as estrelas. O que quer que fosse preciso ser dito, poderia esperar.

O amor que eles sentiam naquele momento sempre existiu, só estava adormecido dentro deles. Mas aquele amor finalmente despertou. Maria Lua. Miguel. Duas pessoas em mundos diferentes. Uma ajudinha do destino. O começo de algo que não acabaria tão cedo...


Resenha: Um Amor Para Recordar

Titulo: Um Amor Para Recordar

Autor: Nicholas Sparks

Editora: Novo Conceito

Ano: 2011

Páginas: 191

Sinopse:  Quando tinha dezessete anos, a vida de Landon Carter mudou para sempre. Isso foi há quarenta anos, quando ele se viu diante de um impasse que pode ser catastrófico para um rapaz dessa idade: arrumar uma companhia para o baile de formatura. Landon já havia namorado uma garota, Angela, mas antes das férias daquele verão ela o havia trocado por um rapaz mais velho e com um carro mais bonito. Não que Landon não tivesse dinheiro. Era filho de um dos únicos políticos da pequena Beaufort, na Carolina do Norte, tinha uma bela casa, um carro e frequentava com os pais os melhores restaurantes da cidade. Mas naquele ano, não tinha mais nenhuma opção feminina para acompanhá-lo ao baile em honra aos ex-alunos da escola. Todas as mais bonitas já haviam sido convidadas e só lhe restavam as que usavam óculos de fundo de garrafa ou as de língua presa. A última esperança era encontrar alguém no álbum de retratos dos alunos da escola. Foi lá que encontrou Jamie Sullivan. Depois de resistir por quase uma hora, folheando o livro de trás para frente, Landon teve de dar o braço a torcer e aceitar que Jamie era sua opção mais razoável, a não ser que quisesse ficar servindo ponche e limpando as poças de vômito nos banheiros, que era o que os rapazes desacompanhados acabavam fazendo nos bailes.

Resenha:  A história é narrada por Landon Carter 40 anos depois do que ele viveu com Jamie. Ele nunca tirou a aliança do seu casamento com ela.
Jamie Sullivan é  a filha do pastor da cidade. Ela é conhecida por seu coração com, pela sua fé e por ajudar de boa vontade a qualquer pessoa. Não tinha amigos, mas isso não importava para ela.
Landon Carter é o típico popular, bonitão, que chama atenção de todas as garotas, que tem vários amigos. É de família tradicional na pequena Beaufort. Landon se vê sem saída quando percebe que não tem a quem levar pro baile da escola, e acaba chamando Jamie. É aí que a história dos dois começam.
Após o baile, eles se aproximam cada vez mais, e Jamie o convida para participar da tradicional peça de teatro da cidade. Landon não consegue recusar e acaba sendo motivo de brincadeiras com os seus amigos.
Landon se apaixona perdidamente por Jamie quando a vê vestida de anjo durante a peça. A partir daí, não importa mais o que os outros digam, Landon não liga mais.
A princípio o namoro dos dois é comum, eles saem pra jantar, caminham na praia, fazem tudo o que um casal de namorado faziam na época. Porém o romance se torna melancólico e trágico quando Jamie conta para Landon que tem leucemia, e que estava morrendo. 
Ele se desespera. Passa a crer em milagres e reza todas as noites. Realiza o sonho de Jamie, casando-se com ela. 
Este, com certeza, é um romance para recordar. 
“ No início você vai sorrir e, depois, chorar – Não diga que não avisei.”
                                                                                                              Landor Carter
Foi exatamente o que aconteceu comigo. Um Amor Para Recordar é um livro que vale a pena ler e reler. Super indico!

Meu primeiro amor.


Esses dias eu estava revirando meu quarto e encontrei um álbum antigo de fotos, sentei na pontinha da cama e fiquei admirada com o conteúdo do mesmo. Eram fotos de uma época bem feliz da minha vida, minha infância. Eu deveria ter uns seis ou sete anos, por aí.

Foleei as páginas do álbum e notei que escondida no meio de duas fotos estava outra fotografia. Uma muito importante, por sinal. Era a foto do meu primeiro amor. Todos nós já tivemos um amor de infância, e comigo não fora diferente. Ele era meu vizinho, e nossos pais eram amigos. Era um sentimento muito fofo.

Ao ter a foto em mãos senti uma onda de nostalgia percorrer todo o meu coração. Eu tinha um carinho imenso por aquele garotinho, um carinho que naquela época parecia amor. Talvez eu esteja errada, talvez não fosse só carinho, talvez aquele sentimento fosse amor de verdade, amor puro e inocente, amor que os adultos já não conhecem mais. De fato aquela era a única lembrança que eu teria daquele amor tão lindo e ela deveria ser preservada. 

Revivi todos os momentos com aquele menino só em tocar a foto, e vou confessar que foi revigorante. Pude sentir novamente a intensidade de um sentimento puro. Deixei escapar um soluço, e em seguida lágrimas escorreram incansavelmente pelo meu rosto. Não sei explicar o motivo daquele choro, mas ele lavou minha alma. Percebi que existem pouquíssimas pessoas que já sentiram amor de verdade e eu fui uma delas. Tive esse privilégio. Provavelmente eu não o sinta de novo, não com a mesma intensidade, nem com a mesma pureza, mas terei o prazer de dizer: eu já amei como uma criança! 




Aquele adeus.


O dia amanheceu e eu nem percebi. Olhei pro meu relógio de parede e vi que já era a hora da despedida. Levantei e vi meu reflexo no espelho. Eu estava com um semblante terrível. Não era pra menos, havia passado a noite em claro, chorando sempre que meu coração se inundava de lembranças. Pensei em pedir pra ele desistir. Desejei ter coragem pra jogar as coisa pro alto, fugir com ele pra onde quer que fosse.

Peguei um taxi, o taxista me perguntou qual era o meu destino e por um milésimo de segundo fiquei sem entender a pergunta. Minha dor tava tão visível assim?! Baixei a cabeça, senti lágrimas escorrerem quentes pelo meu rosto e simplesmente respondi : "para o aeroporto, por favor". Por que tinha que ser assim? O destino é cruel demais, ele coloca os mais lindos sonhos ao alcance das nossas mãos e depois nos força a esquecer, sem nem ao menos nos oferecer um caminho de volta.

Refletido na janela do taxi eu vi meu rosto banhado por lágrimas de nostalgia. Não queria que ele visse que eu estava mal. Queria parecer forte e por mais que fosse em vão, eu tentaria. E lá estava ele, observando o taxi chegar, e pelo que pareceu ele fez isso com os último que passaram ali, talvez na expectativa que eu chegasse logo. 

Desci do carro e examinei o sorriso que estava no rosto dele, provavelmente tentando parecer que tudo estava bem. Olhei pro céu nublado e desejei não estar ali, não ter que me despedir. Ele veio caminhando lentamente em minha direção e chegou tão perto que eu podia sentir sua respiração. Segurou minhas mãos e fechou os olhos, tentando conter o choro, assim eu deduzi. E pensar que aquela seria a última vez que eu sentiria seu cheiro...

Olhei em profundamente em seus olhos, e prometi, em silêncio, que tudo ficaria bem. Diferente do que eu pensava, não conseguimos pronunciar uma palavra se quer. Ficamos ali, em silêncio, perdidos em pensamento. E era exatamente aquilo que eu queria, me perder naquele último abraço. Percebi então que o pior adeus é aquele não dito. 

Uma voz oculta anunciou o seu voo, e mais uma vez sem dizer nenhuma palavra, nós nos despedimos. Então ele partiu, e eu fiquei ali, imóvel, observando ele ir em busca do avião. Enquanto o via ir pra longe, senti que ele havia acabado de levar consigo uma parte de mim.



O começo do fim.


As folhas caíram lá fora na mesma medida que as coisas mudavam aqui dentro. Nada era mais como antes. Desejei que tudo ficasse bem, que fosse só mais uma "crise" de relacionamento e sendo assim logo tudo ficaria bem. Mas eu não conseguia negar que eu havia mudado junto com ele e que não adiantava mais "empurrar com a barriga".

O mais difícil seria convencer a mim mesma que estava chegando o fim. Não era mais amor. Era costume. Costume de ter uma pessoa pra lhe desejar bom dia nem que fosse por sms, costume de ter que avisar quando ia sair, costume de ter alguém do seu lado sempre. Eu estava acostumada à ele, já havia percebido isso, só não queria admitir. Nós éramos (ou somos, não sei ainda) mais amigos que namorados.

Desistir fácil não é e nunca foi uma característica minha, só que eu já tentei tanto reverter esse quadro de costumes que eu acabei cansando. Cansei de você, cansei de mim, canse de nós. Quero tentar seguir sozinha agora. Decidi.

Quero que você saiba que a culpa não é sua. Nosso amor era daqueles que pareciam ter tudo pra dar certo, mas que por um deslize, teria absolutamente tudo pra dar errado. Não deu, não dá, não era pra ser. Só nos resta lembrar da intensidade desse frágil sentimento e simplesmente deixar o destino agir por si.



Lembranças.



A manhã de sábado chegava lenta e preguiçosamente. Do mesmo modo ela ia acordando. Notou logo de cara um ar diferente naquele dia ensolarado. Era o primeiro final de semana sozinha, sem ele. Fazia juras em pensamentos pra si mesma: "Não vou pensar nele. Não vou pensar nele...", mas era inútil tentar não pensar. Prometeu que aquele dia seria dela. Iria sorrir mesmo sem vontade, como sempre fazia.

Dirigiu-se ao banheiro e o que era pra ser uma ducha rápida, tornou-se um banho em um mar de nostalgia.
Saiu do banheiro e mesmo sem querer, jogou-se na cama e ali ficou por um bom tempo, visualizando cada momento que esteve com ele nos quatro cantos de seu quarto. As memórias atingiam seu peito como um raio atinge o chão, principalmente ao se dá conta que o amor havia fechado as portas para ela.

Era isso que acontecia toda vez que se encontrava vazia de pensamentos e sentimentos: lembranças de um tempo que não voltariam mais, chagavam, se instalavam, e não a deixavam mais em paz. Mas ela sabia que não poderia mais maltratar a si mesma, tinha que ser forte. Por ela.

Levantou da cama decidida à viver o dia. Encontrou no seu guarda-roupa um vestido que estava esquecido ali. Colocou-o, arrumou o cabelo, deu uma rápida olhada no espelho e pensou consigo: "eu SOU linda!".
Foi até a sala e notou que estava sozinha em casa. Sentou-se no sofá, ligou a TV e mudou de canal umas vinte vezes, pra só então admitir que não passava nada de interessante e enfim desligá-la novamente. E ali permaneceu. Imóvel. Não tinha noção de quanto tempo já havia passado. Abraçou as pernas e mentalizou ele mais uma vez. Parecia tão real, até dava pra sentir o seu cheiro. E assim continuou, tentando enganar a si mesma.



As cartas que eu não mando.


Acordei de um susto, minha mãe gritava e batia na porta. Lembrei que ontem prometi a ela que arrumaria meu armário hoje cedo, mas que horas são? Ai Deus, 10:23! Nunca dormi tanto, praticamente desmaiei!
Saltei da cama e tomei uma ducha rápida. Desci as pressas, comi uma torrada e voltei pro meu quarto pra finalmente arrumar a bagunça no meu armário.

Liguei meu mp3, sentei no chão, e comecei a arrumar prateleira por prateleira. Já estava quase acabando quando encontrei um maço de folhas prendidas por uma fita vermelha. A princípio não me recordei daquilo, mas depois já sabia do que se tratava: eram cartas que eu havia escrito e que seriam destinadas para o meu último namorado, o que, de fato, nunca aconteceu. Eu nunca tive coragem de entregar aquelas cartas.

Desliguei o mp3, desatei a fita e espalhei as cartas no chão. Olhei para todas, mas uma me chamou a atenção. Peguei a carta e logo lembrei do dia que eu a escrevi. Eu estava triste, tinha tido uma breve discussão com meu namorado, e resolvi escrever pra aliviar as mágoas. Dizia a carta:

"... cheguei a pensar que não suportaria tanto amor, porém vi que tanto amor seria capaz de me fazer suportar tudo. Quero viver esse momento. Quero voar pro teu infinito, não me abandona, não me deixa cair, segura a minha mão. Me protege, me abraça, me ama!"

Fiquei imóvel, tentando processar aquelas palavras escritas. Levantei o rosto, emocionada. Naquele momento tive a certeza que era ele o dono do meu coração. Ajeitei o cabelo, peguei a primeira roupa que vi no guarda-roupa e sem pensar duas vezes saí rumo a ele, rumo ao que me fazia feliz.



Querido diário...


"Querido diário, 
Nem sei por onde começar, tanta coisa aconteceu desde a última vez que eu escrevi aqui.
Bom, conheci um garoto. Gabriel é o nome dele. Não zomba de mim, diário. Ele é diferente dos últimos quatro, eu juro. Pelo menos aparenta ser. Na verdade, estou rezando pra que ele realmente seja diferente.
Ah, tem outra coisa... finalmente descobri o porque de tantos "amores errados" . Todos os garotos que eu me envolvi eram idênticos a mim. Não tinha graça nenhuma ficar com eles porque eles pensavam como eu, gostavam do que eu gosto, eu não tinha que conhecer nada deles, porque eu já conhecia a mim, que era a mesma coisa. Éramos peças iguais em um quebra-cabeça, não tinha como encaixar. Parece meio absurdo, mas fez sentido pra mim, e também não me pergunte como eu percebi isso.
Já o Gabriel é meu oposto. Eu gosto de ler, ele gosta de ver TV. Eu gosto de ficar em casa em um sábado a noite, ele prefere balada. Eu gosto de frio, ele de calor... Enfim, ele me completa, não é o máximo?! Encontrei a tão famosa "tampa da minha panela", a outra metade da laranja (mas confesso que acho isso muito brega). 
Tenho que ir agora, vou tentar decifrar o enigma que é o Gabriel, espero que seja bem difícil, haha!

Até mais, diário.
Sophia."





Pensamentos insanos.


Finalmente nos calamos. Não sei exatamente quanto tempo se passou. Dez, vinte minutos, talvez. Me perdi em meus pensamentos, mas isso acontece com frequência. O que me surpreendeu foi o rumo que meus pensamentos foram tomando. Me imaginei sem ele, depois revivi tudo o que o destino aprontou pra finalmente conseguir nos unir.
Lembrei do banho de chuva que eu tomei sem querer quando tentava pegar um taxi naquele dia estressante de trabalho na editora, e da forma inusitada que ele chegou como um anjo com um guarda-chuva. Lembrei dos recadinhos idiotas que ele sempre mandava por nossos amigos em comum. Lembrei das flores que chegava no trabalho e eu nem me dava ao trabalho de ler o cartão. Lembrei dos e-mails não respondidos, das milhões de ligações não atendidas. 
Achava ele um idiota. Não. Eu me achava uma idiota. Não conseguia entender como uma pessoa podia insistir tanto pra ficar comigo. Mesmo eu sempre ignorando tudo, ele nunca desistia. Não me achava boa o suficiente pra nada, não entendia o interesse que ele tinha por mim. 
Mas já diria um famoso ditado popular: "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Sim, ele me conquistou depois de muita insistência. Passei a admirar a vontade que ele tinha de ficar comigo, e admiti que ele era atraente.
Algo me despertou do meu momento de insanidade, não sei bem o que. Me virei, beijei-o e agradeci a ele por não ter desistido de nós.

Novidades

Oi, oi meus leitores assíduos (ou nem tão assíduos assim, HAHA)!!
Eu resolvi passar a escrever (também) crônicas e contos. Serão estórias criadas por mim, e eu postarei aqui no nosso bloguinho. Talvez eu ainda poste um hoje, mas quero a opinião de vocês! Beijinhos!



(Des)apegue.


Desapegue. Joga fora aquele vestido que tá no fundo do guarda roupa, desapega daquele teu ex-namorado que vive te enchendo de recaídas, desapega de "amigos" que só te procuram quando precisam de você.
Para de fazer as coisas para as pessoas esperando algo em troca, desapega disso também. Faz por que quer ou porque gosta de ajudar, daí tudo que vier em recompensa é lucro.
Agora vamos nos apegar...
Se apega a sua família, principalmente aos seus pais. Se apega aos amigos de verdade, você terá momentos inesquecíveis com ele. Se apega com Deus. Se apega a músicas e filmes, se apega a livros e amores.
Se apega ao que te faz bem. Desapega do que trava teu sorriso. Quando terminar os apegos e desapegos, você terá, finalmente, descoberto um jeito de ser feliz!


Porto seguro.


Porto seguro: Um local que os navios atracam com segurança. Amparo. Confiança. Alguém que sempre está ali, transmitindo força pra lutar.

São raras pessoas assim, mais do que a gente pensa. Mas elas existem. Pessoas cujo nome é sinônimo de "porto seguro". Pessoas que nos abraça transmitindo uma paz indescritível. Que nos acalmam sem precisar dizer nenhuma palavra, mas insistem em dizer, e isso ajuda muito mais. Pessoas que transforma os meus medos em coragem pra lutar.
É difícil você identificar uma assim, de cara, mas quando menos esperamos, estamos acolhidos nos braços do nosso porto seguro, acomodados, a salvo. E depois disso, pode o mundo desabar em cima de você, seu porto seguro estará lá, intacto como uma rocha, formando um escudo sobre você! 






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