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As cartas que eu não mando.


Acordei de um susto, minha mãe gritava e batia na porta. Lembrei que ontem prometi a ela que arrumaria meu armário hoje cedo, mas que horas são? Ai Deus, 10:23! Nunca dormi tanto, praticamente desmaiei!
Saltei da cama e tomei uma ducha rápida. Desci as pressas, comi uma torrada e voltei pro meu quarto pra finalmente arrumar a bagunça no meu armário.

Liguei meu mp3, sentei no chão, e comecei a arrumar prateleira por prateleira. Já estava quase acabando quando encontrei um maço de folhas prendidas por uma fita vermelha. A princípio não me recordei daquilo, mas depois já sabia do que se tratava: eram cartas que eu havia escrito e que seriam destinadas para o meu último namorado, o que, de fato, nunca aconteceu. Eu nunca tive coragem de entregar aquelas cartas.

Desliguei o mp3, desatei a fita e espalhei as cartas no chão. Olhei para todas, mas uma me chamou a atenção. Peguei a carta e logo lembrei do dia que eu a escrevi. Eu estava triste, tinha tido uma breve discussão com meu namorado, e resolvi escrever pra aliviar as mágoas. Dizia a carta:

"... cheguei a pensar que não suportaria tanto amor, porém vi que tanto amor seria capaz de me fazer suportar tudo. Quero viver esse momento. Quero voar pro teu infinito, não me abandona, não me deixa cair, segura a minha mão. Me protege, me abraça, me ama!"

Fiquei imóvel, tentando processar aquelas palavras escritas. Levantei o rosto, emocionada. Naquele momento tive a certeza que era ele o dono do meu coração. Ajeitei o cabelo, peguei a primeira roupa que vi no guarda-roupa e sem pensar duas vezes saí rumo a ele, rumo ao que me fazia feliz.



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