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O mal do costume.


Era fim de tarde de uma sexta-feira, tudo fluía normalmente. Já havia acabado meu expediente e eu seguiria pra casa como de costume. Entrei no carro, peguei o caminho mais longo até em casa, eu tinha tempo. A voz de Maria Gadú inundava todo o interior do veículo enquanto eu deslizava pelas avenidas da grande São Paulo. Durante todo percurso eu não pensei em nada, alguma coisa invisível fez minha mente permanecer vazia, por incrível que pareça.

Já havia anoitecido quando cheguei em casa, só depois de descer do carro eu notei que seria uma noite muito fria. Demorei pra encontrar as chaves dentro da bolsa, e quando finalmente encontrei notei que algo estava estranho, eu não era pra estar ali. Me dei conta da besteira que eu estava fazendo...

Doce insanidade.



Então fechei meus olhos e minha mente ganhou vida. Caí num abismo de pensamentos, apesar de saber que não adiantaria de nada, ele não sabia ler pensamentos ou decifrar minhas emoções quando eu, sem querer, deixava transparecê-las. Acostumei-me com a ideia de que provavelmente nada mudaria, afinal, pensamentos são apenas pensamentos.


A garota do coração de gelo.


Podem me chamar de tola, idiota até, mas a verdade é que eu sempre me importei com a opinião das pessoas em relação a mim. Eu achava que a impressão que eu passava sempre era a pior, que eu era o principal motivo das gargalhadas das pessoas. Tinha momento que não havia como negar, os olhares que a mim era direcionados sempre me deixavam envergonhada, eu chegava a corar, e então se ouvia uma explosão de risos altos, mas eu olhava para trás e não havia nada de anormal, ninguém estava rindo.

Aquilo já havia saído do meu controle, não era mais real, era doença. O que sempre me incomodou foram os olhares tortos e maldosos e os cochichos, eu não fazia ideia do por quê eu era o alvo de tudo aquilo. 
Minha personalidade foi formada assim, uma garota anti-social, que se preocupava em saber como era sua imagem diante da sociedade. Sem amigos, apenas acompanhada por um bom livro, afinal, minha avó costumava dizer que nunca se estava sozinha quem estava acompanhada por um bom livro.

Pretérito imperfeito.


Eu vivia, eu amava, eu sentia. Mas passou e, de você, só restaram lembranças. Essa sou eu, ou seria eu, não sei bem. Sou eu, sozinha em um quarto vazio, sozinha em um quarto cheio de mim, cheio de nós. Luto diariamente para evitar a lembrança de uma época feliz, e que hoje não me faz tão bem assim lembrar. Apesar de sorrir sempre que vejo fotos, cartas, presentes ou qualquer coisa que me lembre você, no final eu volto a chorar, cada vez mais desiludida.

Entro em uma busca incansável por alguma distração, qualquer coisa que faça eu tirá-lo da minha cabeça nem que seja por um minuto. Evito olhar para o relógio, minto pra mim mesma que o tempo está voando, quando tenho consciência que não se passaram nem cinco minutos. E ele não voltou. Ele não voltará. 

A direção do vento.



Eu li em algum lugar que só era feliz quem se deixava guiar pela direção do vento. No momento eu achei a frase um pouco incoerente, mas depois de um certo tempo eu permiti que o vento me guiasse, me levasse pra onde ele quisesse e só aí entendi o verdadeiro significado daquelas palavras. 

Notei que a vida era curta demais pra sentar e admirar o tempo passando. O vento só sopra a favor daqueles que merecem, daqueles que se permitem viver. E eu decidi que o melhor a fazer era viver, não deixar a vida passar pelos seus olhos e simplesmente não fazer nada pra impedir, como correr atrás dos seus sonhos ou algo assim.

Cores e promessas.


Na noite de ano novo conheci um garoto e por ele me apaixonei. Imaginei que fosse apenas mais uma de minhas muitas paixonites, mas o destino quis que não fosse...

Eu nunca acreditei muito nessa coisa de destino, achava a maior bobagem. Mas foi exatamente o destino que me fez mudar de opinião. Conheci um garoto por acaso. Eu estava na casa de parentes, e ele era amigo dos meus primos. Nós conversamos, nos demos muito bem. Admiti pra mim mesma que eu havia me apaixonado de novo

A felicidade e o acaso.


O sol de maio entrava pela janela do meu quarto fazendo-me despertar lenta e preguiçosamente. Peguei meu celular para checar a hora, mas o que eu vi de verdade foi a data. Um ano já havia se passado desde a última vez que eu o vi como meu namorado. Foi difícil, mas eu estava superando aos poucos. Não vou dizer que já não sinto mais nada por ele, eu estaria mentindo. O que eu vivi com ele foi muito intenso, e creio que só esquecerei completamente quando encontrar um novo amor. Fiquei deitada pensando nele e percebi que eu não lembrava dele fazia algum tempo. Isso já é um progresso.

Eu no plural.



Sempre acreditei que as pessoas namorassem e casassem para ser feliz. Mas eu aprendi com sábios livros, filmes, músicas, entre outras coisas que amar é pensar primeiro na felicidade da outra pessoa, mesmo que isso custe a sua própria alegria. Só quando você faz seu amor feliz ele terá capacidade para retribuir, e assim te deixar feliz.

Depois de muitos relacionamentos com desfechos nada agradáveis, eu finalmente me permiti aprender que um relacionamento é a entrega total de dois seres que estão dispostos a honrar e respeitar, aceitar que nós todos somos diferentes, e o grande desafio é aprender a amar uma pessoa preenchida de defeitos e imperfeições. Não há um amor sadio quando existe egoísmo.

Fica comigo então.



Eu estou indo embora. Precipitadamente, mas eu vou! Na verdade eu não quero ir. Quero que você peça pra eu ficar. Quero que você segure meu braço e não permita que eu vá para longe de você. Quero ouvir sua voz, rouca e suave ao mesmo tempo, sussurrando em meu ouvido aquelas provocações.

Quero sentir a importância que eu tenho na sua vida. Quero poder me libertar do pensamento que eu não faço mais diferença, que mesmo eu não estando mais ao seu lado, tudo permaneceria na mais perfeita ordem. Quero saber que você sofreria sem mim. Quero amar você. Quero você.

Um mal benigno.



"Não há males que não venham para o bem." . Li aquela frase no jornal e ela havia se tornado o meu lema a partir dali. Faziam dois anos que eu estava tentando engravidar, mas além de eu ter alterações na tireoide, eu tinha miomas no útero, o que diminuía consideravelmente as chances de eu ser mãe. Me sentia um ser incapaz. Deus havia me colocado no mundo com uma única função: gerar outro ser, mas eu não podia fazer Sua vontade. 

Eu não iria desistir de ser mãe. Se houvesse um porcento de chance, eu teria noventa e nove porcento de esperança. Meu marido propusera que nós adotássemos uma criança. Sim, eu queria adotar, mas eu também queria gerar um ser. Queria viver a sensação de ter dois corações batendo em um corpo só, se assim fosse a vontade de Deus.


Não é um adeus.


Sem olhar para trás, entrei no avião. A aeromoça orientava, elegante e educadamente os passageiros, para que sentassem em seus devidos lugares. Não foi difícil encontrar o lugar que me era destinado. Um desconforto me atingiu sem explicação. Pela janela do avião eu via, pela última vez, a cidade onde eu nasci e cresci. Fiquei imóvel, apenas permitindo que uma onda de nostalgia percorresse meu corpo. Senti que estava deixando um pedaço meu ali, naquele aeroporto.

Até que a morte os separe...



Nos conhecemos no casamento de um amigo meu. Eu era o padrinho do noivo e ela era a madrinha da noiva. Gostei dela logo de cara. Tínhamos muito em comum. Marcamos um encontro no cinema, descobri que ela gostava de filme nacional e, por sorte, na época o filme Lisbela e o Prisioneiro estava em cartaz.

Confesso que não estava querendo embarcar em mais um romance. Eu havia me magoado o suficiente para que meu coração criasse um escudo inquebrável em relação ao amor. Eu só queria uma amiga, e até então era isso que existia entre nós: amizade. Mas, milagrosamente, ela destruiu o escudo que existia em mim e não haveria mais como não se apaixonar.

Eu e o Sol.


Meu nome é Gabriela e essa é minha história de amor com o Sol...

Eu sempre fui apaixonada por calor apesar de morar em cidade serrana, onde predominava o clima frio. Esse amor pela maior estrela do universo começou quando eu ainda era pequenininha. Minha mãe costumava dizer que o Sol era a casa de Deus, então eu ficava orgulhosa e dizia para todos os amiguinhos: "Eu ainda vou morar no Sol".

Criei uma teoria. A Teoria do Sol. Ela defendia que quem amava aquela estrela se curava de todos os males, principalmente o mal da infelicidade. Mas só quem conhecia essa teoria era eu, o que não mudava nada, pra ser sincera. Eu tinha o Sol como meu porto seguro.

Descobri por acaso que eu tinha a paisagem de um cartão postal pertinho de mim. Fiquei de pé na janela do meu quarto e subi no telhado da minha casa. O Sol estava se pondo preguiçosamente, e tons de laranja mesclado com rosa davam cor ao céu. Raios ultrapassavam as muitas árvores que existiam ali. Não acreditava no que eu estava vendo, era o paraíso! Estava presenciando o pôr do Sol mais lindo que eu já vira.

Senti meus problemas evaporando, e meu corpo foi preenchido por uma estranha energia. Foi mágico. Aquele telhado duro era confortável o suficiente pra mim. Senti o mundo em minhas mãos. Fui tomada por uma felicidade contagiante. Permaneci sozinha, lá em cima, até o céu escurecer, e os raios de sol não alcançarem mais meus olhos.

Desci do telhado e mal conseguia me conter. Esperava ansiosamente pelo pôr do Sol do dia seguinte. Queria sentir aquelas sensações pelo menos umas mil vezes. Normalmente, eu iria aproveitar o dia que estava pra nascer, mas eu queria apenas que ele passasse rapidamente, para que eu pudesse ser beneficiada com mais um pôr do Sol.

Gabriela Pinzan, é o que temos pra hoje!



Namore uma garota que lê!

 Tradução e adaptação – Gabriela Ventura
Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos. 
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas. 
Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro. Compre para ela outra xícara de café. Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice. 
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa. É que ela tem que arriscar, de alguma forma. Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. 
Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo. Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois. 
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo. Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo. 
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype. Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas. 
Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê. Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve. 


Nosso último dia.



Durante muito tempo vivi um amor. Me senti amada e amei, na mesma intensidade. Acreditei que aquilo fosse durar para sempre, já que meu coração transbordava de amor, e quando mais eu me doava, mais eu recebia em troca. Era um amor lindo de se ver, daquele que emocionava qualquer um, parecia amor de novela. Nós éramos muito amigos, mais do que namorado, posso dizer.

Nós nos dávamos bem, nos entendíamos e não havia motivo para desconfiança ou coisa do tipo. Mas com o tempo o relacionamento foi desgastando aos poucos, eu sentia o amor esfriar, assim como um café. Eu via as mudanças acontecendo sobre meus olhos, mas não tive coragem para interferir, ou não quis mudar o destino, coisa ou outra, não faz muita diferença.

Achava que era fase, queria creditar que era apenas uma fase ruim que nosso namoro estava passando, mas bem no fundo eu sabia que não era. Nós já não conversávamos mais como antes, ele já não era tão romântico. Com o tempo, o brilho que ele tinha nos olhos ao sorrir pra mim, sumiu! Eu via apenas um olhar opaco, sem muito amor, só um pouco de costume. Ele era acostumado a mim!

Dia desses entramos em uma discussão. Eu percebi que o amor que eu dava pra ele jé estava me fazendo falta. Eu havia o perdido. Isso era fato. Mesmo que ele estivesse ali comigo fisicamente, seu amor já não me pertencia. Sei que ele não amava outra pessoa (ainda), mas a mim ele não amava mais.

Argumentei isso com ele, mas ele não me respondeu, apenas me ignorou, como sempre. Tentei conversar, tentei mostrar pra ele que nosso relacionamento não estava bem e que nós precisávamos reverter isso, juntos. Mas ele permaneceu calado, como se não tivesse ninguém falando. Fiquei péssima. Eu já não significava mais nada pra ele?

Então desisti, me deitei ao lado dele e permaneci calada também. Estávamos tão próximos, mas tão distantes um do outro. Um turbilhão de emoções dentro de mim faziam eu refletir. Eu estava explodindo em palavras que necessitavam ser ditas, porém não o fiz. Decidi então continuar sozinha, apenas eu, um coração vazio e o trauma de um amor, ou um quase amor, não sei bem. Criei resistência a qualquer tipo de relacionamento, e não seria uma tarefa nada fácil tentar amolecer a pedra que meu coração havia virado.




Incompatibilidade e afins.


Melissa, chamada carinhosamente de Mel, era uma menina meiga e doce, assim como o apelido. Na escola ela era conhecida pelo seu estilo próprio: comprava suas roupas mas sempre as modelavam de acordo com seu gosto. Não havia uma só peça no seu guarda-roupa que não fosse customizada por ela. Esbanjava beleza e deixava os marmanjos em suspiros, apesar de nunca ter tido nenhum relacionamento sério antes. Já havia beijado alguns rapazes da escola, mas nenhum ganhou seu coração. Até então.

Ela se apaixonou pelo cara errado, isso foi lamentável. Conheceu o rapaz na sorveteria da esquina, sentiu-se atraída pelo sorriso aberto dele. Havia rolado uma química ali, não tinha como negar. Ela voltou a sorveteria durante toda a semana e isso fez com que ambos criassem um certo nível de intimidade, chegando ao ponto de Melissa convidá-lo pra ir a sua casa.

Caminharam juntos e se fez um silêncio constrangedor. Melissa buscava, mentalmente, uma maneira de quebrar aquele silêncio e dar início a uma conversa qualquer. Antes que ela pudesse se conter, as palavras saltaram da sua boca: "Qual o tipo de garota que te atrai?". Ele começou a explicar que gostava de meninas "normais", que fossem iguais as outras. Disse que detestava menina de short curto, pois achava vulgar. Por sorte, Mel estava usando um vestidinho leve e estampado, o que não deixou transparecer muito o tipo de garota que ela era, a qual era totalmente o oposto da que ele procurava.

Ela já estava envolvida demais pra "cair fora". Fingiu não se importar com o que ele disse, e apenas sorriu. Estava decidida a mudar seu estilo pelo garoto. Eles se encontraram durante toda a semana e em todos os dias Melissa aparecia com um modelo de roupa que não era muito sua cara. 

Por sorte, a mãe da garota percebeu a mudança e preocupada com a filha escreveu em uma folha do seu caderno: "Apaixone-se por alguém que mude seu sobrenome não seu guarda-roupa!". Não demorou muito para Melissa encontrar a folha, e mais uma vez, ser salva por um conselho de sua mãe. Refletiu por um longo momento, como se aquela frase tivesse sido escrita em outra língua. Por fim, tentou encontrar um porque para as tantas vezes que se auto reprimiu. E ficou sem se entender.

Logo voltou a ser a Mel de antes, estilosa, customizada, amada. Fez daquele rapazinho bonitinho um aprendizado e então memorizou para nunca mais esquecer que, na vida, você só deve ser você mesmo, aconteça o que acontecer. 





É tempo de mudanças.


Durante muito tempo me senti uma derrotada. Estava tudo dando errado na minha vida, o que chegou a abalar minha fé. Imaginei que Deus tivesse me abandonado, ou tivesse coisa melhor pra fazer do que ouvir minhas orações. Uma maré de azar bateu na minha porta e se instalou por aqui. Tive depressão. Durante muito tempo busquei uma saída para toda aquela situação, mas nada havia mudado, até então.

Eu decidi viver. Decidi acordar pra vida. Decidi mudar. Apostei todas as minhas fichas nessa mudança e ganhei! Levantei da cama e me olhei no espelho, eu estava com uma aparência horrível, mas nada que uma boa dose de amor próprio não resolvesse. Corri pro banheiro, enchi a banheira, coloquei meus melhores sais de banho, deitei e finalmente relaxei. O banho estava delicioso e me convidava pra ficar mais um pouco. A água que me banhava por fora era a mesma que lavava minha alma, retirava de mim todas as incertezas, todas as mágoas, todos os sentimentos ruins.

Por mais que quisesse passar mais um tempo me curtindo dentro da banheira, tive que sair para mostrar ao mundo que eu mudei, mudei por mim! Voltei ao quarto e vesti um vestido floral com uma barra de renda, era o meu favorito Em frente ao espelho, passei meu delineador e me senti a mulher mais poderosa do mundo, aquela que tinha o poder de fazer feliz a si mesma. Me amei no mesmo instante.

Vocês devem está se perguntando porque eu não havia mudado antes. Nesse meio tempo eu aprendi que momentos ruins são necessários para que os bons venham com mais intensidade, e que assim a gente aproveite mais. Eu aprendi que nos momentos de dificuldade nossa fé é testada.  Eu aprendi amor próprio é um remédio capaz de curar os piores males, incluindo tristeza. E você, ta esperando o que pra se amar?




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