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A felicidade e o acaso.


O sol de maio entrava pela janela do meu quarto fazendo-me despertar lenta e preguiçosamente. Peguei meu celular para checar a hora, mas o que eu vi de verdade foi a data. Um ano já havia se passado desde a última vez que eu o vi como meu namorado. Foi difícil, mas eu estava superando aos poucos. Não vou dizer que já não sinto mais nada por ele, eu estaria mentindo. O que eu vivi com ele foi muito intenso, e creio que só esquecerei completamente quando encontrar um novo amor. Fiquei deitada pensando nele e percebi que eu não lembrava dele fazia algum tempo. Isso já é um progresso.


Xinguei mentalmente aquele que um dia foi meu namorado. Eu sabia que perderia todo o meu dia pensando nele, e me odiei por isso. Já havia passado um ano inteiro tentando esquecer, e estava conseguindo, mas tudo volta, tudo por culpa de uma data! Procurei alguma distração em casa mas não encontrei. Decidi de uma hora pra outra que eu deveria sair de casa, procurar algo que fizesse o tempo passar. E foi o que eu fiz, peguei minha câmera e saí pra fotografar. 

Escolhi como cenário o Jardim Botânico. Encontrei, por acaso, uma amiga da época do colégio. Sentamos e passamos uma hora conversando. Nós despedimos e ela partiu, mas eu continuei sentada e assim permaneci. Observei as pessoas caminhando ali, estavam tranquilas, algumas conversavam, riam, outras apenas andavam em silêncio. Já era hora de voltar para casa. Levantei e saí, caminhando lentamente até sentir uma pessoa tocar em mim.

— Moça, você esqueceu isso. — Ele segurava minha câmera. Fiquei surpresa, ainda existia pessoas honestas.

— Ah, que descuidada eu sou! Muito obrigada!

— Então você gosta dos Beatles? — Disse ele ao ver a camisa que eu vestia, onde estava escrito "Beatles" dentro de um coração.

— Gosto, claro. Simplesmente a melhor banda de todos os tempos. Pelo jeito você também...

— É verdade. Sou o único da minha turma de amigos que curte, eles não são amantes de boas músicas, sabe como é...

— Sei... As pessoas não se permitem conhecer o que é bom, hoje em dia. Mas qual é mesmo o seu nome?

E foi naquele instante que eu soube que surgiria um novo amor. Era questão de tempo. Abri meu coração e baixei o escudo que, até então, permanecera intacto. Ele havia chegado de fininho, como quem não quer nada e acabou conseguindo o que ninguém conseguiu durante esse ano. 

Finalmente entendi que a tão sonhada felicidade não é um bicho de sete cabeças como alguns dizem por aí. Pelo contrário, ela pode ser encontrada em pequenos detalhes, daqueles que passam despercebidos. Desde um abraço apertado até o encontro ao acaso.

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