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Incompatibilidade e afins.


Melissa, chamada carinhosamente de Mel, era uma menina meiga e doce, assim como o apelido. Na escola ela era conhecida pelo seu estilo próprio: comprava suas roupas mas sempre as modelavam de acordo com seu gosto. Não havia uma só peça no seu guarda-roupa que não fosse customizada por ela. Esbanjava beleza e deixava os marmanjos em suspiros, apesar de nunca ter tido nenhum relacionamento sério antes. Já havia beijado alguns rapazes da escola, mas nenhum ganhou seu coração. Até então.

Ela se apaixonou pelo cara errado, isso foi lamentável. Conheceu o rapaz na sorveteria da esquina, sentiu-se atraída pelo sorriso aberto dele. Havia rolado uma química ali, não tinha como negar. Ela voltou a sorveteria durante toda a semana e isso fez com que ambos criassem um certo nível de intimidade, chegando ao ponto de Melissa convidá-lo pra ir a sua casa.

Caminharam juntos e se fez um silêncio constrangedor. Melissa buscava, mentalmente, uma maneira de quebrar aquele silêncio e dar início a uma conversa qualquer. Antes que ela pudesse se conter, as palavras saltaram da sua boca: "Qual o tipo de garota que te atrai?". Ele começou a explicar que gostava de meninas "normais", que fossem iguais as outras. Disse que detestava menina de short curto, pois achava vulgar. Por sorte, Mel estava usando um vestidinho leve e estampado, o que não deixou transparecer muito o tipo de garota que ela era, a qual era totalmente o oposto da que ele procurava.

Ela já estava envolvida demais pra "cair fora". Fingiu não se importar com o que ele disse, e apenas sorriu. Estava decidida a mudar seu estilo pelo garoto. Eles se encontraram durante toda a semana e em todos os dias Melissa aparecia com um modelo de roupa que não era muito sua cara. 

Por sorte, a mãe da garota percebeu a mudança e preocupada com a filha escreveu em uma folha do seu caderno: "Apaixone-se por alguém que mude seu sobrenome não seu guarda-roupa!". Não demorou muito para Melissa encontrar a folha, e mais uma vez, ser salva por um conselho de sua mãe. Refletiu por um longo momento, como se aquela frase tivesse sido escrita em outra língua. Por fim, tentou encontrar um porque para as tantas vezes que se auto reprimiu. E ficou sem se entender.

Logo voltou a ser a Mel de antes, estilosa, customizada, amada. Fez daquele rapazinho bonitinho um aprendizado e então memorizou para nunca mais esquecer que, na vida, você só deve ser você mesmo, aconteça o que acontecer. 





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